Doença
muitas vezes também chamada de dor de garganta, a faringite
é uma inflamação que atinge a faringe. Esta fica posicionada entre a laringe e as amígdalas.
Quando ocorre a inflamação, geralmente, é resultado da ação de alguma bactéria
ou vírus.
A maioria dos casos são de
etiologia virótica frequentemente associada ao resfriado
comum, às infecções pelo vírus influenza e ao vírus Epstein-Barr (agente da
mononucleose infecciosa). Já as
faringites de etiologia bacterianas, aproximadamente
15% a 30% de todos os casos são causados pelo Streptococcus
pyogenes (estreptococo
beta-hemolítico do grupo A), principalmente em crianças na idade escolar.
Diversos outros microrganismos, como Neisseria
gonorrhoeae, Mycoplasma
pneumoniae, Chlamydia
pneumoniae e Corynebacterium diphtheriae, podem ser causas de faringites agudas. Em ambos os casos (viral ou bacteriana) os
microrganismos acabam agredindo a membrana mucosa que protege a faringe,
ocasionando inflamação local.
FIG 1: Dor de garganta é o nome
popular da faringite. Disponível: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/faringite
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A via inalatória e o
contato direto podem transmitir os vírus respiratórios e o estreptococo do
grupo A, respectivamente. Ambos os tipos de faringites predominam nos meses
mais frios do ano (outono e inverno).
Cerca de 10-30% das crianças em idade escolar são carreadoras do
estreptococo do grupo A na orofaringe, de forma assintomática. Estes
carreadores assintomáticos podem transmitir o agente para outra criança, porém,
a probabilidade é pequena. São pacientes
sintomáticos que transferem facilmente bactérias, através da secreção nasal e
da saliva (perdigotos). O contato próximo é o grande fator de contágio,
explicando o predomínio da doença no início do período escolar e em regiões de
baixo nível socioeconômico, com aglomeração de pessoas.
Vale frisar que o
reconhecimento e o tratamento precoce da faringite estreptocócica têm
importante papel no controle da doença,
já que após 24-48h do início da antibioticoterapia, o paciente não mais elimina
o agente. Sem tratamento, o contágio perdura algumas semanas além da fase
sintomática.
As faringites
causadas pelo S.
pyogenes geralmente
afetam a faixa etária de 5-15 anos e apresentam quadro agudo de dor à
deglutição, febre elevada (acima de 38,5ºC), cefaleia, prostração, vômitos,
calafrios e, em alguns casos, dor abdominal. Na inspeção da orofaringe encontram-se
tonsilas hiperemiadas com exsudato branco-purulento não aderente e petéquias em
palato. Ainda pode estar presente adenomegalias cervicais e rash eritematoso
semelhante a uma lixa (se estivermos diante de uma escarlatina). Nas faringites
virais, geralmente a faixa etária é menor (lactentes), há pródromos de infecção
viral de vias aéreas superiores (ex:coriza, obstrução nasal e tosse), e
geralmente não há exsudato exuberante e petéquias no palato.
FIG 2:
Faringite Viral. Disponível em:
http://www.mdsaude.com/2009/03/dor-de-garganta-faringite-amigdalite.html
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FIG3: Faringite Bacteriana. Disponível em:
http://www.mdsaude.com/2009/03/dor-de-garganta-faringite-amigdalite.html
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FIG 4: Petéquias no palato –
Indicativo de faringite bacteriana. Disponível em: http://www.mdsaude.com/2009/03/dor-de-garganta-faringite-amigdalite.html.
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O diagnóstico
é basicamente clínico com base na convergência de manifestações preditoras
positivas e negativas descritas acima. Entretanto o diagnóstico de certeza pode
ser feito utilizando-se o teste antigênico rápido para o estreptococo a partir
de coleta de material da orofaringe. Se o teste for positivo, indica-se o
tratamento antibiótico. Se negativo (pode ocorrer, pois o teste tem baixa
sensibilidade), realiza-se a cultura de orofaringe exame considerado padrão
ouro e cujo resultado demora 48h. Pode aguardar o resultado antes de tratar,
pois a febre reumática, complicação tardia temida da faringite estreptocócica,
pode ser prevenida atrasando-se o início da antibioticoterapia em até 9 dias.
Teste rápido
de identificação direta do material da garganta está se revelando um método
preferido no lugar do exame de cultura (padrão ouro), quando são usados
reagentes de alta sensibilidade. Quando disponível, deve ser utilizado para a
confirmação do diagnóstico.
O tratamento
geral é baseado em:
- · Repouso no período febril;
- · Estimular ingestão de líquidos não ácidos e não gaseificados e de alimentos pastosos;
- · Analgésico e antitérmico: acetaminofeno ou ibuprofeno.
- · Irrigação da faringe com solução salina morna.
O tratamento específico:
- Penicilina G benzatina: intramuscular em dose única, pois o fármaco mantém níveis séricos terapêuticos por 10-14 dias. Dose: para menores de 27kg: 600.000 U; maiores de de 27kg: 1.200.000U.
- · Opções : Penicilina V oral por 10 dias ou amoxicilina ( 50 mg/kg/dia) oral por 10 dias.
- · Para os alérgicos à penicilina: eritromicina oral por 10 dias.
Ao contrário
do que muitos pensam, a faringite estreptocócica evolui quase sempre com
resolução espontânea após 4-5 dias em média (mesmo sem o uso de antibióticos!).
A condição só não é considerada benigna pelo risco (em torno de 3%) de complicações tardias, como febre reumática, glomerulonefrite e grande transmissibilidade
quando não tratada. Quanto mais precocemente for instituída a terapêutica, mais
segura será a prevenção das complicações supurativas (abscesso retrofaríngeo ou
periamigdaliano) e não supurativas.
Referências:
PITREZ, Paulo M.C.; PITREZ, José L.B. Infecções
agudas das vias aéreas superiores – diagnóstico e tratamento ambulatorial. Jornal de Pediatria. Vol.79 (Supl.1),
p. S81-S83. 2003.
MEDEIROS, Eduardo A. S. de. Tratamento
das principais infecções comunitárias e relacionadas à assistência à saúde e a
profilaxia antimicrobiana em cirurgia. 2008. Disponível em <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/atm_racional/modulo3/comunitarias10.htm.> Acesso em: 30
març. 2014.
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