terça-feira, 1 de setembro de 2015

Processo Seletivo LAIA

Está aberto o processo seletivo da LAIA e você não pode ficar fora dessa.

“Porque a Infectologia deve ser, no mínimo, a ‘segunda especialidade’ de todo Médico Brasileiro.”
Atividades da Liga:
  • Reuniões Quinzenais com participação ativa da nossa Coordenadora, Dra Rosângela Ribeiro
  • Discussões de Casos Clínicos, modelo TBL
  • Cursos Internos 
  • Projetos de Extensão e Assistenciais
  • Produção Científica
  • Estágio Ambulatorial
Link do Edital: http://www.itpac.br/arquivos/medicina/edital_laia.pdf

Prova Teórica: 03/09/15, às 17:30
Entrevista: 04/09/15, às 17:30
Investimento: 10,00 reais


domingo, 2 de novembro de 2014

PNEUMOCISTOSE E AIDS: PROFILAXIA

Pneumonia é a manifestação clínica mais comum da infecção pelo Pneumocystis jirovecii em pacientes com aids.
A profilaxia primária da pneumocistose reduz o risco de sua ocorrência em aproximadamente nove vezes. A utilização de sulfametoxazol/trimetoprim na profilaxia primária da pneumonia por Pneumocystis jirovecii teve impacto na mortalidade por aids mesmo antes da utilização dos esquemas anti-retrovirais altamente ativos.
 
Tabela 1: Recomendações para prevenção da exposição a patógenos oportunistas
 
Agente infeccioso
Recomendação
Pneumocystis jirovecii
Evitar contato direto com pessoas com pneumonia por P. jirovecii (evitar internação em quarto conjunto);
Utilização de filtro especial na nebulização profilática de pentamidina.
 
Tabela 2: Indicações de profilaxia primária de infecções oportunistas para pacientes imunossuprimidos.
Agente infeccioso
1a Escolha
Alternativas
Pneumocystis jirovecii (CD4< 200)
Sulfametoxazol-TMP 800/160 – um comprimido por dia
SMZ-TMP 800/160 em dias alternados ou 3x/ semana; Dapsona 100 mg VO por dia Pentamidina por aerossol 300mg mensalmente (Nebulizador Respigard II)
 
Na infecção pelo HIV, a profilaxia primária para pneumocistose é recomendada:
 
Para pacientes com T-CD4 < 200 células/mm³ ou < 15% de linfócitos totais;
Presença de candidíase oral;
Febre indeterminada com mais de duas semanas de duração.
 
 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Pé Diabético Infectado

Pé diabético

A definição da literatura para pé diabético é qualquer infecção inframaleolar em pacientes com diabetes, incluindo, portanto, paroníquia, miosite, fasciite necrotizante, entre várias outras condições, mas a mais importante lesão é o mal perfurante plantar. Seu aparecimento depende de vários fatores, sendo que a neuropatia periférica apresenta um papel fundamental.



A neuropatia periférica facilita a perda da camada protetora de pele no membro inferior. Essa perda leva o paciente a perder a sensação de dor, facilitando o trauma repetido e, consequentemente, a exposição dos tecidos à colonização por bactérias. Posteriormente, essa colonização pode evoluir para quadro infeccioso que pode se estender para tecidos mais profundos.

Todo este processo pode acontecer rapidamente em poucos dias ou até horas, particularmente se o membro atingido sofre de isquemia local.

Microbiologia das infecções do pé diabético

Cocos aeróbicos gram-positivos são os microrganismo predominantes em infecções por ruptura de pele, sendo o S. aureus e os estreptococos ß-hemolíticos os mais comumente isolados. Quando feridas crônicas se desenvolvem, a flora se torna mais complexa, incluindo enterococos, enterobactérias, anaeróbios e Pseudomonas; já em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos, o paciente pode ser colonizado por estafilococos meticilino-resistentes ou enterococos vancomicina-resistentes, o que pode implicar pior prognóstico.

Prevenção

Deve ser recomendado aos pacientes diabéticos evitar andar descalço ou com calçados abertos, em razão do risco de trauma. Calosidades devem ser tratadas por podólogos e, caso haja deformidades, calçados específicos devem ser recomendados após avaliação por especialista dos pés.

Tratamento

O tratamento apropriado de infecção local é muito importante para a evolução destes pacientes. Vale lembrar que a maior parte dessas infecções é polimicrobiana, com cinco e, às vezes, até sete microrganismos envolvidos no quadro infeccioso.

A antibioticoterapia pode ser guiada por cultura de secreções locais em pacientes com lesões consideradas leves, com celulite menor que 2 cm e infecção limitada a pele e tecido subcutâneo. A cobertura deve ser dirigida para Staphylococcus aureus e estreptococos do grupo A; nessa situação, podem-se utilizar cefalosporinas de primeira ou segunda geração, amoxicilina com clavulanato ou clindamicina por sete a 14 dias, na maioria dos casos, por via oral.

Os pacientes com lesões moderadas (celulite maior que 2 cm, linfangite, abscesso profundo envolvendo músculos, tendões e ossos) necessitam de cobertura antibiótica de maior amplitude incluindo agentes gram-positivos, agentes gram-negativos e anaeróbios. Conforme a gravidade do caso, é definido o uso de terapia endovenosa ou oral por duas a quatro semanas(Ex.: ampicilina/sulbactam, cefalosporinas de 3° geração, ciprofloxacin/levofloxacino, ertapenem, piperacilina/tazobactam associados a clindamicina).

As infecções consideradas graves, além de apresentarem as condições descritas nas infecções moderadas, são acompanhadas de instabilidade hemodinâmica ou metabólica. Nesses casos, a terapia deve ser endovenosa e com ampla cobertura microbiana, incluindo a combinação de ciprofloxacino e clindamicina; quando não se espera resistência aos antibióticos ou carbapenêmicos, usa-se piperacilina/tazobactam associados a vancomicina ou teicoplanina, por 2 a 4 semanas.

Avaliação cirúrgica


A avaliação cirúrgica deve ser considerada, pois alguns pacientes, mesmo com poucos achados externos, podem desenvolver complicações importantes, como fasciite necrotizante ou aparecimento de dor e hiperemia não explicada, membro isquêmico e com necrose, perda de tecido, crepitações no exame do membro e suspeita de abscesso profundo, quando há saída de grande quantidade de secreção purulenta ao pressionar a úlcera.

Caso clínico
  •  Paciente de 46 anos, diabético, em uso de insulina NPH 30 U subcutânea pela manhã, evoluindo com lesão ulcerada perimaleolar à esquerda. A lesão é associada com área de hiperemia de cerca de 3 cm com saída de secreção purulenta e exposição de músculo e tendões.

  • Úlcera maleolar com saída de secreção purulenta define a presença de infecção, portanto, temos um paciente com pé diabético.


REFERÊNCIAS:

BRANDÃO NETO, R. A. Pé Diabético. Disponível em: http://www.medicinanet.com.br/conteudos/casos/4162/pe_diabetico.htm. Acesso em 13 de Out. 2014.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFh1dbdC2VScxStD2PM5h5rEDlsVvZNX3T8NvIgKKrvVid41UZwE70XcP6kCSZHNHDHZMl0x_qGu2736B0MurvPMlUoV_te2YdkmI6HZuo2M_FiQcamdRP0hocOMFJ1CcM8oKH2fbC17Z1/s1600-h/pediabetico.jpg


sexta-feira, 18 de julho de 2014

O que é Criptococose?


Descrição:
 
  • ·         É uma infecção fúngica que apresenta duas formas: cutânea e sistêmica.


Ø  A forma cutânea aparece em 10% a 15% dos casos (na maioria das vezes, precede a doença sistêmica) e é caracterizada por manifestações de lesões acneiformes, rash cutâneo, ulcerações ou massas subcutâneas que simulam tumores.   

Ø  A forma sistêmica, frequentemente, aparece como uma meningite subaguda ou crônica, caracterizada por febre, fraqueza, dor no peito, rigidez de nuca, dor de cabeça, náusea e vômito, sudorese noturna, confusão mental e alterações de visão. Pode haver comprometimento ocular, pulmonar, ósseo e, às vezes, da próstata.

Sinônimos:

  • ·         Torulose, blastomicose europeia.


Agente Etiológico

  • Um fungo, o cryptococcus neoformans, nas variedades neoformans ( sorotipo A e D) e gatti( sorotipo b e c).

  •   O C. neoformans, variação neoformans sorotipo A, é responsável por mais de 90% das infecções nos pacientes com aids no Brasil, enquanto a variedade gatti acomete, principalmente, indivíduos sem imunossupressão aparente.


Características Epidemiológicas

·        Doença cosmopolita, de ocorrência esporádica. Geralmente, acomete adultos e é duas vezes mais frequente no gênero masculino. A infecção pode ocorrer em animais (gatos, cavalos, vacas). A suscetibilidade é geral, mas parece que a raça humana apresenta uma notável resistência. A suscetibilidade aumenta com o uso prolongado de corticosteroide, na vigência de aids, Hodgkin e sarcoidose.


Reservatório

·   Fungo saprófita que vive no solo, em frutas secas e cereais e nas árvores; e isolado nos excrementos de aves, principalmente pombos.

 Modo de Incubação

·   Desconhecido. O comprometimento pulmonar pode anteceder, em anos, ao acometimento cerebral.


Período de Transmissibilidade

·         Não há transmissão homem a homem, nem de animais ao homem.

Figura 1: Modo de transmissão da criptococose.



Complicações

·    O fungo pode viver como saprófita na árvore brônquica, podendo expressar-se clinicamente na vigência de imunodeficiência. Cerca de 5 a 10% dos pacientes com aids são acometidos por essa micose. A meningite causada pelo Cryptococcus, se não tratada a tempo, pode causar a morte.


Diagnóstico

·       O diagnóstico é clínico e laboratorial e a confirmação e feita com a evidenciação do criptococo pelo uso de “tinta da China” (nankin), que torna visíveis formas encapsuladas e em gemulação em materiais clínicos. Essa técnica é a consagrada para o diagnóstico das meningites criptocócicas (exame do LCR). Pode-se isolar o criptococo, também, na urina ou no pus, em meio de agar-Sabouraud.

·  A sorologia, no LCR e no soro, e a histopatologia podem ser úteis. A radiografia de tórax pode ajudar no diagnóstico, podendo ou não ser usada para confirmar a doença, demonstrando danos pulmonares, revelando massa única ou nódulos múltiplos distintos.


Diagnóstico Diferencial

·      Toxoplasmose, tuberculose, meningoencefalites, sífilis, sarcoidose, histoplasmose e linfomas.


Notificação

·         Não é doença de notificação compulsória.


Medidas de Prevenção

·   Até o momento, não existem medidas preventivas específicas, a não ser atividades educativas com relação ao risco de infecção. Medidas de controle de proliferação de pombos devem ser implementadas. Assim, nas áreas com grande numero de pombos, deve-se diminuir a disponibilidade de alimento, água e, principalmente, abrigos, visando reduzir a população. Os locais com acúmulo de fezes devem ser umidificados para que os fungos possam ser removidos com segurança, evitando a dispersão por aerossóis. Não há necessidade de isolamento dos doentes. As medidas de desinfecção de secreção e fômites devem ser as de uso hospitalar rotineiro.


REFERÊNCIAS:

Ministério de Saúde. Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. 8 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Coqueluche : Uma doença de Neonatos, Crianças , Adolescentes e Adultos.

Globalmente, a coqueluche (pertussis) ainda é uma impor­tante causa de morte na infância e continua a ser uma preocupação de saúde pública, mesmo em países com alta cobertura vacinal. Em 2008, mais de 80% dos neonatos em todo o mundo receberam três doses de vacinas con­tra coqueluche. Apesar disso, 15 milhões de casos dessa doença foram registrados em todo o mundo, 95% deles em países em desenvolvimento, levando a óbito cerca de 200.000 crianças.

            Antes do desenvolvimento da vacina de células inteiras mortas e da implementação de imunizações em massa, na década de 50, a coqueluche foi a principal causa de mortalidade infantil. A utilização da vacina contra coqueluche levou a uma redução significativa na incidência da enfermidade na criança. Essa mudança no perfil epidemiológico resultou em aumento no número de casos em adolescentes e adultos, consequente à perda da imunidade conferida pela doença ou por vacina após cerca de 10 anos.


Diversas evidências científicas têm demonstrado que a infecção pela B. pertussis não confere imunidade duradoura, assim como não é duradoura a imunidade induzida por vacinas. A incorporação de uma quinta dose da vacina contra pertússis na Austrália, assim como é vigente no Brasil, reduziu a incidência da enfermidade em crianças entre 5 e 10 anos de idade, aumentando naquelas entre 12 e 14 anos. Esse deslocamento da faixa etária constitui um claro indício da não aquisição de imunidade duradoura.

Quadro 1: Calendário de Vacinação da Criança. A vacina contra coqueluche está embutida na PENTAVALENTE e TRÍPLICE BACTERIANA. Sendo que a última vez que o individuo  entra em contato com  vacina , de acordo com o calendário de vacinação, é aos 4 anos de idade. Somando-se 10 anos que é a média de tempo da imunidade oferecida pela vacina, aos 14 anos o individuo estará sujeito à doença. Disponível: http://www.saude.ce.gov.br/, Acesso em: 24/06/2014.

  
A perda da imunidade após cerca de 10 anos do recebimento da última dose da vacina torna o adolescente suscetível à infecção, o que tem sido demonstrado em recentes dados epidemiológicos.


Os adolescentes e adultos frequentemente servem de fonte da infecção para os lactentes, conforme tem sido observado em estudos.



Quadro 2: COQUELUCHE- Casos Confirmados Notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação- Sinan Net (adaptado). O quadro apresenta o número de casos de coqueluche no Brasil de acordo com a faixa etária de 2007 a 2012. É possível perceber que os casos de coqueluche vêm aumentado entre os adolescentes, os jovens e os adultos. Tal fato acaba fazendo com que o número de neonatos com coqueluche aumente também.  Disponível: http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/tabnet/tabnet?sinannet/coqueluche/bases/coquebrnet.def, Acesso em: 24/06/2014.



No futuro, a coqueluche poderá ser transmitida para adultos jovens, ou seja, para mãe e pais de neonatos prematuros, e vacinações de adultos jovens poderão se tornar uma medida necessária.


FONTES:

CARVALHO, Aroldo P. de; PEREIRA, Eliana Mara Cesário. Vacina acelular contra pertússis para adolescentes. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, v.  82, n.(3 Suppl), p.15-24, 2006.

KORPPI, M. Coqueluche- ainda um desafio. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, p.89-520. 2013.