quarta-feira, 21 de maio de 2014

QUALIDADE DE VIDA DE PORTADORES DE HIV/AIDS

    Para a OMS, a QUALIDADE DE VIDA(QV) pode ser definida em função da maneira que o individuo
percebe o lugar que ocupa na sua cultura e no sistema de valores em que vive, assim como em relação a seus objetivos, expectativas, critérios e preocupações. A qualidade de vida deve basear-se em uma ampla série de critérios e não somente em um aspecto.

    Não há como negar que portar o HIV e/ou ser doente de Aids tem um impacto sobre a percepção da qualidade de vida (QV). Ainda que pese o fato da qualidade de sua avaliação estar relacionada às propriedades dos instrumentos – portanto, urgindo a necessidade de escolha de instrumentos de avaliação que sejam robustos em suas propriedades psicométricas e/ou em conteúdos que possam abarcar as principais áreas já apontadas pela literatura internacional sobre o assunto - tem-se que considerar, também, as características próprias da enfermidade, que envolvem um conjunto de fatores adversos que pressupõem alguma perda e convivência com adversidades. 



      Muitos portadores de HIV/Aids sofrem um impacto em sua QV tanto pelos fatores próprios às limitações físicas, sociais e estéticas, quanto devido ao fato de que muitos profissionais da área de saúde encontram dificuldades no seu atendimento, uma vez que carecem de conhecimentos e habilidades necessários para lidar com essa enfermidade.



    O despreparo profissional é um fato grave, pois algum erro de comunicação, como uma palavra mal colocada ou o silêncio ou qualquer comportamento equivocado, por parte do profissional de saúde, pode comprometer a qualidade de vida dos portadores de HIV e enfermos de Aids durante a sua existência e aumentar seu sofrimento e de seu parceiro (a) e familiares.


       Em outras palavras, a qualidade da interação estabelecida entre os profissionais de saúde e portadores de HIV também estará na base da percepção subjetiva da qualidade de vida dos enfermos.Outro fator relevante é a avaliação da QV sendo realizada pelo próprio indivíduo, pois é ele quem vivencia sua enfermidade e as adversidades dela decorrentes. Esse fato demonstra, de acordo com Grau (1998), que a QV envolve aspectos subjetivos e objetivos pertencentesao indivíduo e experenciados de maneiras diferentes por cada um.


        No campo da saúde, a discussão sobre QV dos enfermos crônicos é promissora.Envolve questões afins à configuração psicológica de cada um, dentro de estruturas social, política e histórica definidas, sendo que tais fatores (internos e externos à pessoa) se vêem continuamente interligados. No mesmo sentido, buscam os estudos em Psicologia da Saúde compreender, por meio da descrição e da análise das questões relacionadas ao HIV/Aids, como as características de tal condição de enfermidade impactam o desenvolvimento natural(ou esperado) dos indivíduos. Neste sentido,adoecer é fator inibidor do desenvolvimento humano.



De acordo com Moreno-Jiménez, Hernández e Herrer (2005), as pessoas otimistas desenvolvem mais habilidades de enfrentamento do que as pessimistas, influenciando, assim, a melhora no estado de saúde. O estado de saúde é percebido de maneira satisfatória quando o otimismo faz parte da condição psicológica do indivíduo.
 Os participantes que apresentam relatos de otimismo, em relação a sua enfermidade,avaliam a QV de forma positiva. Com isso, as dimensões da QV são influenciadas; eles percebem o estado de saúde de forma satisfatória, apresentam estratégias de enfrentamento adaptativas e apresentam um nível de independência maior em relação aos outros.

De uma forma geral, os dados qualitativos mostram que a QV de portadores de HIV/Aids é mediada por aspectos físicos, citados nos relatos de percepção
geral do estado de saúde, estes na maioria tratados como insatisfatórios, e por aspectos psicológicos. Nos aspectos psicológicos, em geral, percebe-se a presença de relatos indicadores de sentimentos de depressão, de fantasias relacionadas a perdas e decomportamento social restrito, por parte dos participantes.



Entre as sugestões para as equipes de assistência ao portador de HIV/Aids, pode-se
citar a necessidade de um espaço para oficinas terapêuticas, nas quais os portadores e familiares possam discutir e refletir sobre suas dificuldades e experiências com o preconceito, a sexualidade e suas limitações, a morte e a própria qualidade de suas vidas.
A criação de oficinas de produção é importante para promover a auto-estima, o otimismo em relação à capacidade laboral e o nível de autonomia do sujeito, pois muitos participantes se encontram desempregados e sem expectativa em relação ao trabalho.
Com a adoção de estratégias sistematizadas e planejadas, podem ocorrer modificações na visão paternalista das casas de apoio, que podem ser transformadas em casas de apoio social, emocional e político.





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