terça-feira, 24 de junho de 2014

Coqueluche : Uma doença de Neonatos, Crianças , Adolescentes e Adultos.

Globalmente, a coqueluche (pertussis) ainda é uma impor­tante causa de morte na infância e continua a ser uma preocupação de saúde pública, mesmo em países com alta cobertura vacinal. Em 2008, mais de 80% dos neonatos em todo o mundo receberam três doses de vacinas con­tra coqueluche. Apesar disso, 15 milhões de casos dessa doença foram registrados em todo o mundo, 95% deles em países em desenvolvimento, levando a óbito cerca de 200.000 crianças.

            Antes do desenvolvimento da vacina de células inteiras mortas e da implementação de imunizações em massa, na década de 50, a coqueluche foi a principal causa de mortalidade infantil. A utilização da vacina contra coqueluche levou a uma redução significativa na incidência da enfermidade na criança. Essa mudança no perfil epidemiológico resultou em aumento no número de casos em adolescentes e adultos, consequente à perda da imunidade conferida pela doença ou por vacina após cerca de 10 anos.


Diversas evidências científicas têm demonstrado que a infecção pela B. pertussis não confere imunidade duradoura, assim como não é duradoura a imunidade induzida por vacinas. A incorporação de uma quinta dose da vacina contra pertússis na Austrália, assim como é vigente no Brasil, reduziu a incidência da enfermidade em crianças entre 5 e 10 anos de idade, aumentando naquelas entre 12 e 14 anos. Esse deslocamento da faixa etária constitui um claro indício da não aquisição de imunidade duradoura.

Quadro 1: Calendário de Vacinação da Criança. A vacina contra coqueluche está embutida na PENTAVALENTE e TRÍPLICE BACTERIANA. Sendo que a última vez que o individuo  entra em contato com  vacina , de acordo com o calendário de vacinação, é aos 4 anos de idade. Somando-se 10 anos que é a média de tempo da imunidade oferecida pela vacina, aos 14 anos o individuo estará sujeito à doença. Disponível: http://www.saude.ce.gov.br/, Acesso em: 24/06/2014.

  
A perda da imunidade após cerca de 10 anos do recebimento da última dose da vacina torna o adolescente suscetível à infecção, o que tem sido demonstrado em recentes dados epidemiológicos.


Os adolescentes e adultos frequentemente servem de fonte da infecção para os lactentes, conforme tem sido observado em estudos.



Quadro 2: COQUELUCHE- Casos Confirmados Notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação- Sinan Net (adaptado). O quadro apresenta o número de casos de coqueluche no Brasil de acordo com a faixa etária de 2007 a 2012. É possível perceber que os casos de coqueluche vêm aumentado entre os adolescentes, os jovens e os adultos. Tal fato acaba fazendo com que o número de neonatos com coqueluche aumente também.  Disponível: http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/tabnet/tabnet?sinannet/coqueluche/bases/coquebrnet.def, Acesso em: 24/06/2014.



No futuro, a coqueluche poderá ser transmitida para adultos jovens, ou seja, para mãe e pais de neonatos prematuros, e vacinações de adultos jovens poderão se tornar uma medida necessária.


FONTES:

CARVALHO, Aroldo P. de; PEREIRA, Eliana Mara Cesário. Vacina acelular contra pertússis para adolescentes. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, v.  82, n.(3 Suppl), p.15-24, 2006.

KORPPI, M. Coqueluche- ainda um desafio. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, p.89-520. 2013.


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