Pé diabético
A
definição da literatura para pé diabético é qualquer infecção inframaleolar em
pacientes com diabetes, incluindo, portanto, paroníquia, miosite, fasciite
necrotizante, entre várias outras condições, mas a mais importante lesão é o mal
perfurante plantar. Seu aparecimento depende de vários fatores, sendo que a
neuropatia periférica apresenta um papel fundamental.
A
neuropatia periférica facilita a perda da camada protetora de pele no membro
inferior. Essa perda leva o paciente a perder a sensação de dor, facilitando o
trauma repetido e, consequentemente, a exposição dos tecidos à colonização por
bactérias. Posteriormente, essa colonização pode evoluir para quadro infeccioso
que pode se estender para tecidos mais profundos.
Todo
este processo pode acontecer rapidamente em poucos dias ou até horas,
particularmente se o membro atingido sofre de isquemia local.
Microbiologia das infecções do pé diabético
Cocos
aeróbicos gram-positivos são os microrganismo predominantes em infecções por
ruptura de pele, sendo o S. aureus e os estreptococos ß-hemolíticos os mais
comumente isolados. Quando feridas crônicas se desenvolvem, a flora se torna
mais complexa, incluindo enterococos, enterobactérias, anaeróbios e Pseudomonas;
já em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos, o paciente pode ser
colonizado por estafilococos meticilino-resistentes ou enterococos
vancomicina-resistentes, o que pode implicar pior prognóstico.
Prevenção
Deve
ser recomendado aos pacientes diabéticos evitar andar descalço ou com calçados
abertos, em razão do risco de trauma. Calosidades devem ser tratadas por
podólogos e, caso haja deformidades, calçados específicos devem ser
recomendados após avaliação por especialista dos pés.
Tratamento
O
tratamento apropriado de infecção local é muito importante para a evolução
destes pacientes. Vale lembrar que a maior parte dessas infecções é
polimicrobiana, com cinco e, às vezes, até sete microrganismos envolvidos no
quadro infeccioso.
A
antibioticoterapia pode ser guiada por cultura de secreções locais em pacientes com lesões consideradas leves,
com celulite menor que 2 cm e infecção limitada a pele e tecido subcutâneo. A
cobertura deve ser dirigida para Staphylococcus aureus e estreptococos do grupo
A; nessa situação, podem-se utilizar cefalosporinas de primeira ou segunda
geração, amoxicilina com clavulanato ou clindamicina por sete a 14 dias, na
maioria dos casos, por via oral.
Os pacientes com lesões moderadas (celulite
maior que 2 cm, linfangite, abscesso profundo envolvendo músculos, tendões e
ossos) necessitam de cobertura antibiótica de maior amplitude incluindo agentes
gram-positivos, agentes gram-negativos e anaeróbios. Conforme a gravidade do
caso, é definido o uso de terapia endovenosa ou oral por duas a quatro
semanas(Ex.: ampicilina/sulbactam, cefalosporinas de 3° geração, ciprofloxacin/levofloxacino,
ertapenem, piperacilina/tazobactam associados a clindamicina).
As infecções consideradas graves, além de
apresentarem as condições descritas nas infecções moderadas, são acompanhadas
de instabilidade hemodinâmica ou metabólica. Nesses casos, a terapia deve ser
endovenosa e com ampla cobertura microbiana, incluindo a combinação de
ciprofloxacino e clindamicina; quando não se espera resistência aos
antibióticos ou carbapenêmicos, usa-se piperacilina/tazobactam associados a
vancomicina ou teicoplanina, por 2 a 4 semanas.
Avaliação
cirúrgica
A
avaliação cirúrgica deve ser considerada, pois alguns pacientes, mesmo com
poucos achados externos, podem desenvolver complicações importantes, como
fasciite necrotizante ou aparecimento de dor e hiperemia não explicada, membro
isquêmico e com necrose, perda de tecido, crepitações no exame do membro e
suspeita de abscesso profundo, quando há saída de grande quantidade de secreção
purulenta ao pressionar a úlcera.
Caso clínico
- Paciente de 46 anos, diabético, em uso de insulina NPH 30 U subcutânea pela manhã, evoluindo com lesão ulcerada perimaleolar à esquerda. A lesão é associada com área de hiperemia de cerca de 3 cm com saída de secreção purulenta e exposição de músculo e tendões.
- Úlcera maleolar com saída de secreção purulenta define a presença de infecção, portanto, temos um paciente com pé diabético.
REFERÊNCIAS:
BRANDÃO NETO,
R. A. Pé Diabético. Disponível em:
http://www.medicinanet.com.br/conteudos/casos/4162/pe_diabetico.htm. Acesso em
13 de Out. 2014.
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